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Foto do escritorArtur Lyra

Nutrição nos hospitais do Brasil: o que mudou em sete anos?



A desnutrição ainda é uma condição recorrente no ambiente hospitalar. Pacientes desassistidos nesse quesito podem ter piora no quadro clínico e prorrogar o tempo de permanência no hospital, acarretando em maiores custos com as internações.


Nesse sentido, o nutriDia ou nutritionDay é um projeto mundial que tem como objetivo avaliar a assistência nutricional oferecida aos pacientes em âmbito hospitalar. Esse projeto acontece desde 2006 e hoje abrange 71 países, incluindo o Brasil que desde 2009 tem hospitais que passam por auditorias anuais de avaliação.


NutriDia Brasil

Para observar a evolução do nutriDia no Brasil, um estudo realizou uma análise temporal dos dados descritivos dos relatórios de 2009 a 2015. Durante esse período, 265 hospitais espalhados por 20 estados brasileiros foram avaliados quanto à presença de Equipe de Terapia Nutricional (ETN), evolução dos protocolos e diretrizes utilizados e triagem nutricional no momento da admissão do paciente.


Além disso, dados relacionados ao paciente, como diagnóstico nutricional, dados demográficos e antropométricos, perda de peso não intencional nos últimos três meses, uso de terapia nutricional e causas da não ingestão de refeições hospitalares também foram coletados.


O que mudou e o que permaneceu igual?

Foram avaliados 5.581 participantes durante as 7 edições do projeto e nelas mais da metade da amostra era do sexo masculino, com idade entre 5 e 106 anos. O IMC foi semelhante ao longo dos anos, variando de 24,2 ± 5,0kg/m² a 25,2 ± 58kg/m², enquanto o peso médio variou de 65,5 ± 16,3 a 67,9 ± 17,4 kg para ambos os sexos.


Considerando todas as edições, a perda de peso não intencional nos últimos três meses permaneceu consistente, sendo de 47,2% em 2009 e 53,7% em 2015 com aumento no uso de suplementos orais de 11,8% (2009) para 18,2% (2015). O uso da terapia nutricional enteral (TNE) e parenteral (TNP) permaneceu praticamente inalterado ao longo dos anos, porém muito baixo, de 10% para TNE e menos de 1 % para TNP.


Em relação à estrutura de atendimento nutricional, 100% dos hospitais participantes nos três primeiros anos do estudo relataram a presença de ETN, com uma diminuição significativa nos últimos anos (p = 0,047). A partir de 2012, em média 8% dos hospitais relataram a ausência de ETN, no entanto, houve um aumento de 33% para 92% no uso de protocolos nacionais para avaliação nutricional do início do projeto até 2015.


Foi notado também que ainda existia uma variação considerável sobre a implantação da mensuração do peso do paciente na rotina de admissão hospitalar. Sobre a ingestão das refeições, menos de 40% dos pacientes relataram aceitar a dieta hospitalar integralmente associado a anorexia, náuseas e vômitos (46,6%), por causas diagnósticas/terapêuticas (14,7%) e pela apresentação da dieta (14,1%).


Conclusão

Dados como a redução da presença de equipe de terapia nutricional, aumento da perda de peso não intencional e baixo uso das terapias nutricionais enterais e parenterais demonstram que ainda existem barreiras no cuidado nutricional hospitalar para evitar e reverter a desnutrição durante a internação. Além dessas condições negativas, a má aceitação da dieta hospitalar por razões organolépticas é uma motivação que pode facilmente ser melhorada, aumentando a ingestão alimentar e, assim, promovendo evolução do estado nutricional.


Por fim, considera-se que ao mesmo passo em que houve melhoras como na avaliação nutricional com o aumento do uso de protocolos nacionais e de suplementos orais, ainda persistem impasses para a melhora dos quadros de desnutrição, demonstrando que é urgente a necessidade de equipes capacitadas para esse cuidado e uma maior discussão desses dados para que seja possível trazer mudanças positivas nesses resultados.


Veja o que a Natália Magalhães nutricionista e tutora do Ganep Educação, pensa sobre esse assunto.


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